As empresas portuguesas precisam de fazer uma transformação digital nos próximos cinco anos, disse à Lusa o presidente da ACEPI – Associação da Economia Digital, Alexandre Nilo Fonseca.
A ACEPI divulga hoje o estudo ‘Economia Digital em Portugal 2009-2020’, no âmbito da Semana da Internet em Portugal 2015, o qual concluiu que menos de um terço (31%) das empresas portuguesas está presente na Internet.
Um dos grandes desafios do país, considerou Alexandre Nilo Fonseca, é possibilitar que as pequenas e médias empresas (PME) “aproveitem verdadeiramente o digital” e essa deve ser uma aposta “prioritária do Governo”.
Isto porque praticamente 70% das empresas portuguesas não está presente na Internet, correspondendo a PME e a microempresas.
“É preciso ajudar as PME a virem para a Internet“, considerou, apontando que tal poderá ser feito através dos fundos comunitários 2020, com a aposta na formação e desenvolvimento das empresas.
Há uma revolução a fazer!
“Grande parte destas empresas [que não estão presentes na Internet] são pequenas e geridas por pessoas que não são digitais“, apontou, salientando que “há uma revolução a fazer” para dotá-las de conhecimento digital, disse.
Alexandre Nilo Fonseca defendeu que as empresas portuguesas “precisam de fazer uma transformação digital nos próximos cinco anos“.
“O grande desafio é como as empresas vão aproveitar as oportunidades [que o digital traz] e o mercado internacional“, salientou.
O comércio eletrónico B2C [entre empresas e consumidores] quase duplicou em cinco anos em Portugal, atingindo um volume de negócios de 2,9 mil milhões de euros em 2014, concluiu o estudo.
Em 2020, estima-se que o volume de negócios ascenda a 5,4 mil milhões de euros.
Considerando que as empresas portuguesas podem ser as “navegantes do século XXI“, recordou que Portugal beneficia do facto de ter um mercado – a Europa -, cujo comércio eletrónico vale cerca de 500 mil milhões de euros, ter a quinta língua mais falada em todo o mundo ou, até mesmo, ser um dos países com muitos licenciados em engenharia informática.
Estas são vantagens que as empresas portuguesas devem aproveitar num mundo cada vez mais digital.
Alexandre Nilo Fonseca deu o exemplo do setor do turismo, que tem aproveitado a Internet para ser mais competitivo.
“O mercado do turismo já viu isso“, agora “os outros setores, como o comércio, têm de apostar na transição para o digital“, no sentido de aumentar a produtividade, competitividade e exportações, sublinhou.
De acordo com o estudo, das empresas portuguesas que estão presentes na Internet, a maioria (90%) tem um ‘site‘, enquanto as restantes estão presentes em ‘sites’ de terceiros e nas redes sociais.
Mais de metade (50%) das empresas portuguesas que operam no retalho e na restauração afirma ter uma loja na Internet.
O estudo adianta que mais de dois terços das empresas portuguesas presentes na Internet têm domínio.pt “por serem criados para conteúdos em português e dirigidos ao mercado português”.
Relativamente à publicidade ‘online’, 73% afirmam estar presentes através do ‘email’ marketing, a publicidade em redes sociais e nos motores de pesquisa.
“As empresas prevêem para 2015 um crescimento do orçamento de marketing atribuído ‘online’ a rondar os 60%“, refere o estudo.
Atualmente, o orçamento de marketing no digital é de 20% e as empresas estimam que seja de 32%.
No ano passado, a população mundial atingiu os 7,2 mil milhões de pessoas, das quais 2,7 mil milhões eram utilizadoras de Internet (38%).
De acordo com a ACEPI, os compradores ‘online’ ascendem a 1,1 mil milhões de pessoas, 41% dos utilizadores de Internet.
A região Ásia-Pacífico é o maior mercado de comércio eletrónico (B2C), seguida da Europa e da América do Norte.
A China destronou os Estados Unidos e lidera o comércio eletrónico, com o Reino Unido em terceiro lugar.
Atualmente, China, Estados Unidos e Reino Unido representam mais de 50% do mercado mundial de comércio eletrónico.
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